Jornadas Teológicas

12-03-2010 20:54

Nos dias 23 e 24 de Outubro decorreram as Jornadas Teológicasdeste ano lectivo, sobre o tema: “O Padre: Dom e Missão”. Os conferentes foram D. Manuel Clemente, bispo do Porto e o Pe. Doutor Milton Lopes da Encarnação. Foi notória a adesão este ano a estas jornadas, com uma presença abundante de interessados.

Depois de uma apresentação do conferente, este iniciou a sua exposição “O Sacerdócio no tempo”, que foi dirigida pelas seguintes ideias: o sacerdócio antes do Concílio de Trento e até ao seu acontecimento, e o depois de Trento.

A sua referência ao sacerdócio teve como ponto de partida uma perspectiva da vida pastoral. D. Manuel Clemente referiu que sobretudo o sacerdócio de Jesus Cristo foi um sacerdócio novo. O percurso histórico que foi feito encaixou no contexto da Igreja Católica Latina, que tem as suas próprias características que a identificam como tal. Fez também uma leitura antropológica e sociológica da religião, observando que ainda estamos na era “neolítica” citando M. Eliade.

Perante este entendimento entranhado da religião, ainda situado num passado longínquo, em que o sacerdote aparece mais como um mágico, um sujeito que desempenha uma ligação entre entidade divina – homem, que como sacerdote propriamente dito, mostra que o sacerdócio do Novo Testamento é um novo Sacerdócio, ele é uma oferenda existencial. O sacerdote santo santifica o povo. O sacerdócio de Jesus é uma coisa só, sendo oferta e oferenda.

O nosso mundo sufoca, afirmou D. Manuel Clemente, pois fica no temporal e temporário e não adora, há que lembrar que Cristo não é uma ajudinha no caminho, Cristo é o próprio Caminho! Citando Tertuliano lembrou-nos que do Amor divino brota o amor fraternal e assim a Igreja deve ser vínculo de paz, fraternidade e hospitalidade. Não esqueçamos, que ela se encontra em tensão escatológica.

O movimento monástico influenciou o modelo do sacerdócio que temos e também a disciplina do celibato. O sacerdote encontra-se entre a tensão da pastoral e da oração e todo o sacerdócio passa no coração e na carne do sacerdote.

O sacerdócio ministerial existe para que na pessoa do ministro incite todo o povo a ser sacerdote. Sabemos que é difícil passar do mero sentimentalismo religioso para a conversão a Cristo, é que Jesus abre um caminho novo, com direcção a um mundo novo, sendo necessário colocar o coração no sítio.

Depois desta primeira parte de apresentação, seguiu-se um momento de perguntas e diálogo.

Na segunda parte da conferência falou-se da fase Concílio de Trento e Pós-Concílio. Foi feita uma breve resenha histórica deste Concílio, desde alguns séculos que urgia mudança e reforma, era necessário um novo rumo. O conferencista notou que este Concílio foi também de grande âmbito pastoral.

Trento apostou nos pastores, na sua formação, numa maior adaptação ao tempo ainda que com falhas próprias da altura.

A aplicação do Concílio de Trento também não foi total ao longo da história, foi-se desenvolvendo. Já no século XX, tivemos o Concílio Vaticano II que veio para tempos novos, com problemas e ideias novas e bebe da inspiração monacal com o ministério litúrgico. A imposição das mãos na ordenação assume o carácter de configuração com Cristo, cabeça da Igreja.

No segundo dia foi apresentado o tema “Um Ministério para o Mundo”. A primeira conferência realizada pelo Pe. Doutor Milton Lopes da Encarnação focou o Sacerdote configurado com Cristo, para a missão, no Novo Testamento, em que Cristo se apresenta como Servidor e os Apóstolos continuadores desse serviço e os seus sucessores também. Mostrou também a continuidade e a evolução desse ministério ao longo da história, através de um entendimento teológico passando pela idade apostólica, alta idade média e Reforma gregoriana, Trento e Vaticano II.

Configurados com Cristo para a missão: Ele que é o Pastor, o Caminho, a Verdade e a Vida; o sacerdócio ordenado aparece então como ministério do pastor e servidor. A configuração com Cristo é sacerdotal e pastoral, é para a Missão e deve ser entendida numa leitura integral. O ministério é um serviço ao mundo, é anúncio, memória da Páscoa, é presidência da comunidade, ou seja é diaconal, testemunhal, sacerdotal e pastoral. O pastor é sacerdote, profeta e rei. Vivendo estas dimensões, assim se cumpre a configuração com Cristo; enfim, a Missão onde os bispos e presbíteros viabilizam a totalidade do ministério de Cristo.

Seguiu-se um espaço de debate, que aprofundou alguns temas, como algumas especificidades do ministério ordenado.

Realizou-se ainda uma Mesa redonda sobre o tema “Experiências de Missão”.

Foi este o programa destas Jornadas Teológicas, do qual fazemos um balanço muito positivo. Esperemos que este ano nos ajude a viver melhor como cristãos e o ministério Sacerdotal.

Marcelo Rebelo

in Voz da Esperança, pag. 6 e 7

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